Quem são os produtores do Agro?
Quem são os produtores do Agro?
Aumentar o desempenho da capacidade brasileira na produção de mais e melhores alimentos, com menos impacto ambiental e mais saudável, é uma missão que a inovação pode contribuir para esse segmento. Inovação que, segundo Peter Drucker, pode ser entendida como “a tarefa de dotar os recursos humanos e materiais de nova e maior capacidade de produzir riqueza”. E essa riqueza sendo percebida em mais amplo espectro através do tripé: econômico, social e ambiental.
Para criarmos novas riquezas utilizando a inovação no agronegócio, é fundamental irmos além das análises lineares demográficas do mercado, ou dados estatísticos dos clientes. É relevante que possamos utilizar práticas e técnicas adequadas para explorar o contexto e descobrir as dores (conscientes ou não) de quem produz 25% do valor do PIB brasileiro. São muitos os caminhos para mergulhar nos problemas desse segmento. Esse artigo aborda uma direção: estabelecer padrões e características comuns do produtor para que possam ajudar na elaboração de proposta de valor através de soluções que o ajudem em sua jornada produtiva evolutiva.
No Brasil, cada vez mais percebemos o médio produtor e o agricultor familiar como grandes participantes da produção e composição da riqueza nacional. Dito isso, é fundamental compreender a configuração dos produtores para que seja possível um olhar mais profundo sobre seu contexto, suas necessidades (em vários níveis) e comportamentos de consumo.
A classificação entre pequenos, médios e grandes produtores pode contribuir para uma perspectiva, mas são insuficientes para representar as complexas dinâmicas produtivas e suas características intrínsecas. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), baseado nos dados de Censo 2016 e 2017, formatou uma nova configuração da estrutura rural brasileira, conforme descrito na publicação ‘Potencialidades e Desafios do Agro 4.0’:
· Os produtores chamados “elite” possuem no mínimo 500 hectares e são responsáveis por 49% do Valor Bruto de Produção. Não possuem dificuldade de acesso às novas tecnologias para o campo e, em geral, são grandes produtores de commodities localizados no eixo MATOPIBA, parte do Sul e centro oeste de São Paulo. Representam apenas 1% dos estabelecimentos agropecuários (350 mil), mas produzem praticamente a metade do Valor de Produção através de 33% das terras produtivas (117Mha).
· Já aqueles conhecidos como produtores “extensivos” que possuem configurações de terras similares aos Elite, porém geram apenas 1% do valor de produção.
· Os produtos “Emergentes”, por sua vez, possuem menos de 500 hectares e correspondem a 98% (4,5 milhões) dos produtores brasileiros, que somam 50% do Valor Bruto de Produção através de 151 Mha. Como sua configuração é bastante diversificada sua composição pode ser dividida nos subgrupos:
- Produtores Empreendedores
São mais de 350 mil empresas que representam 66% dos Emergentes em apenas 22 Mha, com valor de produção maior que 500 mil. Estão mais localizados na cadeia produtiva de alto valor agregado como café e fruticultura. Possuem alguma conectividade e buscam implementar a “agricultura 4.0”
- Produtores Resilientes
Correspondem a 1 milhão de estabelecimentos que juntos somam 26% do valor produção dos emergentes em 85Mha. São principalmente os agricultores familiares e médios agricultores de produção menos intensiva, como pecuária de corte e leite e concentrados nas regiões Sudeste e Norte
- Produtores Vulneráveis
São mais de 3,2 milhões de estabelecimentos que correspondem a 8% do valor de produção menor em áreas menores que 100 hectares de agricultores familiares, especialmente concentrados no Norte e Nordeste.
Por mais tentador que seja o alto volume de possibilidades quando observamos esses segmentos apresentados, é importante selecionarmos aquele que mais ressoa com as capacidades internas empresariais de resolução do problema com foco em criar oportunidades de novas riquezas para o agronegócio, estabelecendo os ganhos nas perspectivas econômica, social e ambiental.
E você é bem-vindo para conversarmos sobre os desafios e tecnologias envolvidos nesse grande segmento.