Notícias beOn Claro 2024 - O que esperar de inovação em 2024?

“A palavra-chave do futuro é ecossistema”

Silvio Meira é professor emérito do Centro de Informática da UFPE, professor associado da Escola de Direito do Rio de Janeiro da FGV, e uma das mentes mais visionárias do ecossistema de inovação global. Em seu novo e-book, “24 Anotações para 2024”, Meira aborda computação ubíqua, realidade virtual, internet das coisas, veículos autônomos, robótica, manufatura aditiva, inteligência artificial, segurança cibernética, biotecnologia, mudanças climáticas, energia, saúde, educação, trabalho e economia.  
 
Há muitos desafios a serem superados, como o fato do marketing das empresas ainda ser tratado por canais. “Hoje tudo se dá por fluxos que se combinam em rede. A palavra-chave do futuro é ecossistema. As empresas serão organizações em rede, com comunicação descentralizada e não mais a estrutura hierárquica” - Meira acredita que a estratégia deve ser um processo contínuo, integrado ao FIGITAL, que une o físico, o digital e o social.  
 
Entre as 24 tendências para 2024, Meira traz uma perspectiva importante sobre a desigualdade, que pode se acentuar com as mudanças. Por exemplo, o maior acesso a tratamentos e diagnósticos pode ter uma efetividade na saúde, mas pode causar também uma maior distância em relação a quem tem acesso e a quem não tem. Um desafio e tanto para os governos e a sociedade, “A IA vai causar a obsolescência do profissional repetitivo – tudo que pode ser recriado artificialmente pode ser substituído e eliminado”. E alerta que isso pode criar mais espaços de desigualdade do ponto de vista social.  
 
O Brasil entrou em um declínio do bônus demográfico, sinalizando uma transição para um período de envelhecimento populacional intensificado. Mudança que vai gerar pressão sobre os sistemas sociais e transformar a dinâmica do trabalho como conhecemos hoje. Este é um dos pontos onde Meira vê oportunidades claras do país capitalizar em ciência, tecnologia, educação, capacitação, e empreendedorismo, impulsionando a economia criativa. E coloca o Brasil numa perspectiva de transformação produtiva sustentável, na qual recursos como Inteligência Artificial (IA), aliados à automação, podem compensar a redução da força de trabalho. 
 
Apesar do cenário que, por vezes, pode parecer uma narrativa distópica, Meira se posiciona de forma realista e esperançosa, já que é possível trabalhar para interferir na resolução de um conjunto de problemas que está a nosso alcance.